sexta-feira, 30 de outubro de 2009

# A Geografia do Acordo Ortográfico



Antonio Carlos Olivieri
Cristina Von

A partir de 1º. de janeiro de 2009, deve-se começar a pôr em prática as regras estabelecidas pelo o decreto de no. 6583, publicado em 29 de setembro de 2008, que promulgou no Brasil o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O Acordo foi assinado ainda em 1990 por representantes dos governos dos sete países que, naquela data, já tinham o Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Estes países integram, juntamente com o Timor Leste (que se tornou independente em 2002), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, fundada em 1996, com os objetivos de promover maior união e cooperação entre os países-membros e reforçar sua presença no cenário internacional, bem como materializar projetos de promoção e difusão do idioma comum: o português. Foi a expansão marítima portuguesa que difundiu o idioma na África, na Ásia e na América do Sul, a partir do final do século 15.


* Duas ortografias

É sobre esse pano de fundo político-diplomático que se deve entender a realização do Acordo que, unificando a ortografia do português, visa a lhe dar maior importância no mundo, já que esse idioma é falado por mais de 200 milhões de pessoas espalhadas em quatro continentes. Desde 1911, em função de uma reforma ortográfica ocorrida em Portugal, sem comum acordo com o Brasil, existiam duas ortografias oficiais, a portuguesa e a brasileira, ambas corretas, para a mesma língua.

Não há dúvida de que, em particular no mercado editorial (aí incluídos os portais da internet), a entrada em vigor do Acordo vai ocasionar custos e uma grande quantidade de trabalho para adequar os textos às novas normas ortográficas. O Acordo, porém, segundo dados da Academia de Ciências de Lisboa, modifica a grafia de somente 2% das palavras do idioma, cerca de duas mil num universo de 110 mil.

Não estão contabilizadas nessa relação as alterações quanto à utilização do hífen e as resultantes da supressão do trema que, no entender dos responsáveis pelo texto do Acordo, são poucas e de fácil apreensão. Vale lembrar que o esforço de unificação ortográfica teve como critério a fonética, isto é, a grafia das palavras foi alterada no sentido de aproximá-la da forma falada, com a abolição de consoantes mudas, por exemplo.


* Plurilinguismo

O português é o idioma oficial e predominante no Brasil e em Portugal, mas é bom lembrar que nos dois países há falantes nativos de outras línguas. No Brasil, estão em uso atualmente cerca de 180 línguas indígenas, segundo a Funai - Fundação Nacional do Índio. Sem contar as dos índios isolados, uma vez que não estão em contato com a sociedade brasileira e suas línguas ainda não são conhecidas Em Portugal, cerca de 15 mil pessoas falam o mirandês, na região da Terra de Miranda, no norte da península Ibérica.

Porém, se essa é a situação do português nas duas nações mais proeminentes (sob o ponto de vista político-econômico) da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, qual o papel da língua de Camões e Machado de Assis nos outros seis países-membros?

Em Angola cerca de 70% da população falam a língua oficial, o português, mas grande parte também usa uma das 40 línguas locais, das quais as principais são o umbundu, o quicongo e o quimbundu, de origem africana.


* Crioulos

Em Cabo Verde o português é utilizado na documentação oficial, nas rádios e televisões e nas escolas. Nas situações quotidianas é utilizado o cabo-verdiano, um crioulo, que é a designação dada às línguas mistas, nascidas do contato de um idioma europeu com outros nativos, que se tornaram línguas maternas de certas comunidades socioculturais.

Na Guiné-Bissau uma pequena parcela da população usa o português como língua materna. O crioulo é usado por metade da população. A base do vocabulário vem do português, mas a gramática é tipicamente africana. Entre as línguas nacionais (cerca de 25) estão o balanta, o mandinga, o fula, o manjaca, o papel e o mancanha. Devido ao fato de a Guiné-Bissau estar situada entre o Senegal e a República da Guiné, 10% da população falam francês.

Em Moçambique, o português é falado por 40% da população, usado em casa por 9% e reconhecido como língua materna por 6,5%. A maioria dos falantes do português reside nas áreas urbanas do país. Há cerca de 40 línguas nacionais de origem banto, entre elas o emakhuwa, o xichangana e o elomwe.

Em São Tomé e Príncipe, fala-se oficialmente o português, mas informalmente usam-se crioulos como o são-tomense (ou forro), o principense (ou moncó) e o angolar (ngola). Outra língua muito falada nas ilhas é o crioulo cabo-verdiano.

Já em Timor Leste, existem 24 línguas nacionais, mas a mais falada delas é o tétum, bastante influenciado pelo português. Atualmente é o português que está sendo valorizado no país como língua oficial, devido ao tétum carecer de uma forma padrão de escrita.


* Índia e China

O português também é falado em pequenas regiões na Índia (Damão, Diu e em Goa) e na China (em Macau). Na Índia, na união do território de Damão e Diu não é fácil encontrar alguém que fale português ou, como se diz, "a língua dos velhos". O gujarate, uma língua indo-iraniana, é o idioma usado pela maioria.

Em Diu, somente 200 moradores usam o português e em Damão ele é falado por cerca de 3.000 pessoas. Em Goa existem cerca de 30 mil falantes da língua portuguesa. Nas ruas, fala-se mais o concani, o marathi, o gujarate, o kannada, o urdu e o hindi.

Em Macau, próxima a Hong Kong, na China, o português permanece como língua oficial com estatuto idêntico ao chinês, mas só uma pequena população o usa. O dialeto, conhecido como a "língua doce de Macau", é um crioulo baseada no português e é usado por 8 mil residentes macaenses. Macau foi a última colônia portuguesa a se tornar independente e foi devolvida para a China no dia 20 de dezembro de 1999.




terça-feira, 27 de outubro de 2009

# Índice de Desenvolvimento Humano



O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população. O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual.

Todo ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas.

Na edição de 2009, o IDH avaliou 182 países, com a inclusão de Andorra e Liechtenstein pela primeira vez, e a volta do Afeganistão, que havia saído do índice em 1996.

A Noruega continuou no topo da lista, seguida pela Austrália e Islândia. Serra Leoa, Afeganistão e Níger são os três últimos e apresentam os piores índices de desenvolvimento humano.


* Critérios de Avaliação



* Classificação

O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total), sendo os países classificados deste modo:

  • Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo – país de desenvolvimento baixo.
  • Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado médio – país de desenvolvimento médio.
  • Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto – país de desenvolvimento alto.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

# Atmosfera

Camada gasosa é fundamental para vida


A atmosfera da Terra é uma mistura de nitrogênio (78%), oxigênio (21%) e pequenas proporções de outros gases, como o dióxido de carbono. Logo que o planeta se formou, no entanto, não existia oxigênio, apenas os gases do primitivo Sistema Solar.


* Composição da atmosfera:

Gás
Porcentagem
Partes por milhão
Nitrogênio
78,08
780.000
Oxigênio
20,95
209.460
Argônio
0,93
9.340
Dióxido de carbono
0,035
350
Neônio
0,0018
18
Hélio
0,00052
5,2
Metano
0,00014
1,4
Criptônio
0,00010
1,0
Óxido nitroso
0,00005
0,5
Hidrogênio
0,00005
0,5
Ozônio
0,000007
0,07
Xenônio
0,000009
0,09

A atmosfera é uma camada gasosa que envolve e acompanha a Terra em seus movimentos no espaço. Ela pode ser comparada a uma capa que protege contra o choque com corpos celestes. Além disso, filtra raios solares, fazendo com que as temperaturas na superfície terrestre sejam amenas, possibilitando o desenvolvimento da vida. Na Lua, por exemplo, onde não há atmosfera, a temperatura na superfície da face voltada para o Sol chega a aproximadamente 100ºC, enquanto na outra face a temperatura cai para cerca de -150ºC.


* Origens

A Terra nasceu da colisão de planetesimais, pequenos corpos sólidos formados a partir da poeira cósmica e do gás da nebulosa solar, que se agregaram gradualmente. À medida que crescia o planeta assim formado, os gases presos em seu interior escapavam e o envolviam, originando a atmosfera. Por fim, cresceram plantas, que liberavam oxigênio, e a atmosfera evoluiu até se tornar o espesso manto de ar que é hoje.

A atmosfera é fundamental para a vida na Terra. Ela se formou logo após o surgimento do planeta, há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, a partir dos gases liberados pelas colisões dos planetesimais. Cerca de 3 milhões de anos atrás, as plantas começaram a processar fotossíntese, alterando a atmosfera primitiva com a emissão de vastas quantidades de oxigênio.


* Estrutura em camadas

Com o tempo, desenvolveu-se na atmosfera uma estrutura complexa, com diversas camadas, estendendo-se a cerca de 1.000 quilômetros de altitude.

A atividade atmosférica ocorre na camada mais inferior, a troposfera, que vai do solo até aproximadamente 15 ou 16 quilômetros de altitude. É nessa camada, com a qual o homem mantém contato direto, que ocorre a maior parte dos fenômenos atmosféricos, como o calor, os ventos e as chuvas. É onde a pressão do ar e a temperatura diminuem com a altitude.

Mais acima fica a estratosfera, que se caracteriza pelos movimentos de ar em sentido horizontal. Segunda camada da atmosfera, começa entre 7 e 17 km e vai até 50 km de altitude aproximadamente. A temperatura sobe à medida que aumenta a altura (de -50 a 10ºC). É nesta camada que começa a difusão da luz solar (que origina o azul do céu). A cerca de 25 quilômetros acima da superfície, uma fina camada de ozônio absorve em parte a nociva luz ultravioleta emitida pelo sol, protegendo os organismos que se encontram abaixo.

Acima desta vem a mesosfera, que é a camada atmosférica onde há uma substancial queda de temperatura, chegando a até -90ºC em seu topo. Em seguida, vem a termosfera, cujo ar é muito rarefeito e inclui a ionosfera, onde os gases ionizados refletem as ondas elétricas da superfície do planeta, permitindo as comunicações de rádio. Entre 500 e 1.000 quilômetros há uma região conhecida como exosfera e, além dela, a magnetosfera, sensível à influência do campo magnético terrestre, mas desprovida de atmosfera.


* Ações humanas

O processo de formação da atmosfera está relacionado ao processo de formação do planeta. Portanto, assim como a Terra, a atmosfera apresentou variações com o tempo. Antes do aparecimento da espécie humana, essas variações ocorriam exclusivamente devido a fatores naturais, como alterações na vida vegetal.
Atualmente, alterações da atmosfera são consequências de fatores naturais e, principalmente, decorrência de ações humanas, como a poluição causada pelos automóveis e pela incessante atividade das fábricas, e o desmatamento de florestas, entre outras. As mudanças climáticas causadas pelo efeito estufa e pelo aquecimento global revelam que a atmosfera é tão frágil quanto preciosa.

# A crise financeira e econômica de 2008



Por Anselmo Lazaro Branco

No início do segundo semestre de 2008, o mundo capitalista conheceu uma séria crise financeira e econômica, iniciada, na verdade, nos EUA, em 2007. Os analistas econômicos, tanto do setor privado, como de governos de países e de organismos internacionais, classificavam a crise como a de maior gravidade, após a intensificação do processo de globalização, a partir dos anos 1970.

As causas da crise estão relacionadas à expressiva expansão dos financiamentos para compra de imóveis nos EUA, em razão dos juros baixos, que o governo dos EUA vinha mantendo desde o início do século. Isso gerou uma forte valorização no preço dos imóveis que, inclusive, estimulou os proprietários com financiamentos (mutuários) refinanciar as suas dívidas. Nesse refinanciamento, os mutuários recebiam uma diferença em dinheiro, em geral utilizada para consumir bens, enquanto o nível de poupança caiu acentuadamente. Diversos bancos criaram títulos1 que tinham como garantia os financiamentos para compra de imóveis (títulos garantidos com hipotecas). Investidores que adquiriram esses títulos emitiram, por sua vez, outros títulos que tinham como garantia os títulos anteriores. Isso se espalhou por todo o sistema financeiro.

No entanto, com consumo em alta, a inflação aumentou. Para frear esse aumento, o governo dos EUA aumentou os juros, que afetou também as mensalidades das casas: ficaram mais caras. Como conseqüência, centenas de milhares de proprietários deixaram de pagar os financiamentos, os preços dos imóveis despencaram e os títulos se desvalorizaram acentuadamente.

Em decorrência, houve quebra de bancos, cortes de empregos, desvalorização de empresas, os bancos reduziram a oferta de crédito, afetando toda a cadeia de consumo – com menos financiamentos para compra de bens, muitos consumidores ficam sem recursos para a compra de mercadorias. Com redução das vendas, muitas empresas ficam com capacidade de produção ociosa e demitem. É grande o número de empresas que, inclusive, antes mesmo de ter redução nas vendas, já passam a demitir, com pretexto de se preparar para a crise. Com demissões, há perda de renda dos assalariados, e menos compra de mercadorias. Nessa situação, os que estão empregados preferem poupar. Com isso, a crise se intensifica.
Em razão da forte integração entre as economias nacionais, no contexto da globalização e pelo fato de a crise ter surgido e afetado o país – EUA – que gera 1/5 do PIB mundial, os seus efeitos rapidamente foram sentidos em todo o mundo, em maior ou menor grau.

Os desdobramentos para a crise iniciada no segundo semestre de 2008, são incertos e dependiam também da eficácia das intervenções dos governos dos países, particularmente dos desenvolvidos. Esses elaboraram diversas estratégias de socorro a bancos e outras empresas. O governo dos EUA, inicialmente, já havia disponibilizado cerca de 700 bilhões de dólares para isso. Com quantias, evidentemente menores, governos de diversos países, inclusive subdesenvolvidos, criaram estratégias para minimizar os efeitos da crise financeira/econômica. Quanto à ajuda norte-americana, é preciso salientar que o endividamento do governo dos EUA já era elevadíssimo e o financiamento dessa dívida se faz com emissão de títulos por parte do próprio governo.

Por outro lado, a crise demonstra que a expansão do crédito e a ampliação desenfreada de modalidades de títulos sem fiscalização dos governos podem gerar riqueza aparente (fictícia, de certo modo, pois não tem garantia) e momentânea, mas é um grande risco para a economia, para a sociedade e para o próprio governo, que acaba arcando com os custos. Nessa situação, alguns lucraram muito (em geral, os que já têm muito) e todos acabam arcando com as conseqüências da crise, pois o dinheiro que o governo utiliza para socorrer bancos e empresas é obtido com a arrecadação dos impostos que a sociedade paga.

A livre circulação de capitais é um risco para a economia mundial. Com a crise, a desregulamentação do sistema financeiro internacional, um dos pilares do neoliberalismo, passou a ser fortemente questionada. A necessidade de uma fiscalização, de um controle mais rigoroso por parte dos governos, inclusive com cobrança de impostos mais elevados, é necessária, não só internamente, mas entre os países. Isso faria com que os governos tivessem mais recursos para investirem em saúde, educação, infra-estrutura, saneamento básico, etc.

Com efeito, é cada vez maior o volume de dinheiro aplicado nos bancos e nas bolsas de valores, sendo que boa parte dele circula ao redor do globo em busca de melhor retorno, de maior lucro. Se em 1980, o PIB mundial era de US$ 10 trilhões, o volume aplicado no mercado financeiro e de ações era de US$ 12 trilhões. Já em 2007, enquanto o PIB era de US$ 48 trilhões, os investimentos em títulos e ações atingiam US$ 167 trilhões. Com isso, as possibilidades de intensa especulação, de riscos e de crises são maiores.

1 Títulos: documentos por meio dos quais uma pessoa ou empresa, ou mesmo o Estado, torna-se proprietário de um bem ou de um valor. Podem ser uma garantia para quem emprestou dinheiro a outro ou uma forma de investir dinheiro para ter um retorno com juros.

domingo, 25 de outubro de 2009

# Geografia

A Geografia é uma ciência que tem como objeto principal de estudo o espaço geográfico que corresponde ao palco das realizações humanas. O homem sempre teve uma curiosidade aguçada acerca dos lugares onde desenvolvem as relações humanas e as do homem com a natureza, principalmente com o intuito de alcançar seus interesses.

O conhecimento da Terra e de todas dinâmicas existentes configura como um objetivo intrínseco da ciência geográfica, essa tem seu início paralelo ao surgimento do homem, no entanto, sua condição de ciência ocorreu somente com o nascimento da civilização grega, na qual existiam pensadores filósofos que nessa época englobavam diversos conhecimentos de distintos temas, dentre eles Pitágoras e Aristóteles que já tinham convicção acerca da forma esférica do planeta.

A Geografia recebe diversos significados, de uma forma genérica dizemos que geo significa Terra e grafia, descrição, ou seja, descrição da Terra, essa descreve todos os elementos contidos na superfície do planeta como atmosfera, hidrosfera e litosfera que compõe a biosfera ou esfera da vida (onde desenvolve a vida), além da interação desses com os seres vivos.

O estudo da Geografia em sua fase inicial focaliza somente os elementos naturais, mais tarde, unindo aspectos físicos com sociais foram estabelecidas, referentes à ação antrópica sobre o espaço natural. A partir desse momento teve início também o estudo sistemático das sociedades, tais como a forma de organização econômica e social, a distribuição da população no mundo e nos países, as culturas, os problemas ambientais decorrentes da produção humana, além de conhecer os recursos dispostos na natureza que são úteis para as atividades produtivas (indústria e agropecuária). Assim, o estudo geográfico conduz ao levantamento de dados sobre os elementos naturais que atingem diretamente a vida humana como clima, relevo, vegetação, hidrografia entre outros.