sexta-feira, 4 de junho de 2010

# Golfo do México – Desastre anunciado

Basicamente toda fonte de energia apresenta impacto ao meio, com diferentes graus de intervenção ambiental. Além de ser um combustível fóssil finito, o petróleo sempre é lembrado por problemas ambientais causados após a sua utilização, ou seja, pela sua queima e a de seus derivados. Quando utilizamos gasolina e óleo diesel para movimentar motores de carros, motos, caminhões, aviões e outros meios de transporte, estamos liberando grandes quantidades de carbono, aumentando sua concentração na atmosfera e contribuindo, assim, para o aquecimento global do planeta.

Porém, outro grave problema muitas vezes é deixado de lado e só volta à tona quando há acidentes como o derramamento de petróleo no Golfo do México ocorrido no final de abril. O risco de impacto ambiental inicia-se juntamente com a implantação da infraestrutura para extração do petróleo, passando pelo manuseio e chegando ao transporte do produto até as refinarias. Até mesmo os caminhões-tanque com derivados do combustível (gasolina, diesel, querosene, etc.) são passíveis de acidentes e podem contaminar áreas importantes, florestas e recursos hídricos de uma região.

Detalhe da imagem NASA MODIS tirada a partir do satélite Aqua em 25 de abril de 2010 mostrando a mancha de petróleo no Golfo do México.

Detalhe da imagem NASA MODIS tirada a partir do satélite Aqua em 25 de abril de 2010 mostrando a mancha de petróleo no Golfo do México.

O derramamento de petróleo no Golfo do México pode se transformar no maior desastre ambiental, relacionado ao petróleo, da história. A projeção da área atingida é de aproximadamente 1.500 quilômetros de águas e praias que ficarão contaminadas por meses ou até mesmo anos, destruindo a fauna e a flora da região prejudicada. Além disso, a pesca será arrasada por um longo período com reflexos econômicos incalculáveis.

De qualquer forma o desastre não é o primeiro nem será o último, principalmente quando o fator econômico se sobrepõe a qualquer outro interesse. A explosão da plataforma Deep Water Horizon, localizada a cerca de 70 km da costa de Nova Orleans, não é uma novidade. Enquanto não forem controlados os vazamentos no fundo no mar e efetivadas todas as análises, os impactos desse desastre dependerão de inúmeras variáveis que incluem fatores naturais, correntes marítimas, fatores climáticos, propriedades do petróleo, controle do fluxo e todos os esforços envolvidos para contenção e limpeza da mancha espalhada.

A dificuldade momentânea é conter os cerca de 750.000 litros de petróleo que vazam diariamente das válvulas abertas no fundo do mar. Traçando um comparativo, durante a primeira guerra no Iraque, em 1991, as forças iraquianas derramaram 135 bilhões de litros de petróleo em território kuwaitiano. Outro exemplo é do poço Ixtoc I que explodiu em Campeche, no México, em 1979, espalhando mais de meio bilhão de litros de petróleo antes que o vazamento fosse controlado. E um dos mais conhecidos desastres da história, o acidente com o petroleiro Exxon Valdez, em 1989, contaminou 2.000 quilômetros de um intocado litoral na região do Alaska com 41 milhões de litros de petróleo, matando milhares de aves marinhas, águias, focas, lontras e orcas.

Equipes tentam limpar o petróleo derramado pelo Exxon Valdez – março de 1989. Foto: Jim Brickett. Licenciada pelo Creative Commons Atribuição vedada a criação de obras derivadas 2.0 genérica.

Equipes tentam limpar o petróleo derramado pelo Exxon Valdez – março de 1989. Foto: Jim Brickett. Licenciada pelo Creative Commons Atribuição vedada a criação de obras derivadas 2.0 genérica.

Segundo informações de especialistas, o tipo de petróleo que está vazando do poço é mais leve que o espalhado pelo Exxon Valdez, permitindo a queima e a utilização de dispersantes que ajudam a reduzi-lo.

Tão incerto quanto os estragos ambientais será o impacto econômico. Economistas preveem prejuízos em torno de 1,5 bilhão de dólares incluindo pesca e turismo. Porém, ainda é muito cedo para afirmar o tamanho do impacto.

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